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Veja também: Cursos de Idiomas Globo com Técnicas do CCAA
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CURSOS DE IDIOMAS GLOBO
NOSTALGIA…
Os Cursos de Idiomas Globo me fazem lembrar a minha adolescência: anos
90, época sem internet, sem muitos recursos. Vi a propaganda dos Idiomas Globo
em uma revista velha: era a imagem de um homem sofisticado, usando terno, com o curso nas mãos,
fones de ouvido e um toca-fitas portátil sentando na poltrona de um avião,
talvez na primeira classe. A mensagem era clara: estudar línguas era coisa de
gente rica. Pedi a minha mãe para ligar para o número da editora que estava na
revista... ligação DDD naquela época era muito cara, ela me deu fichas para ligar do orelhão. A atendente disse que infelizmente os cursos já não estavam
mais nas bancas e que eles não vendiam por telefone (aquela propaganda já era
de anos atrás). Ela disse para eu esperar por um possível relançamento, mas sem
previsão. Pois eu tive que esperar mais uns dez anos até ter internet, Mercado Livre, sebos virtuais, e ter dinheiro para poder comprar. Hoje tenho a coleção
completa! Já estudei italiano, francês e espanhol. Naquela época, mesmo se a
gente tivesse vontade de estudar, não havia oportunidades.... e hoje é tudo
muito mais fácil mas muita gente não valoriza.
Enfim, chega de sentimentalismo e nostalgia e vamos à análise!
O QUE SÃO E ONDE ENCONTRAR?
Se você planeja aprender uma nova
língua sozinho e sem gastar muito ou nada, os Cursos de Idiomas Globo são uma
boa opção. É muito fácil encontrá-los no Mercado Livre, em sebos pelo Brasil
(virtuais e físicos) ou mesmo baixar gratuitamente da internet. Estão entre os
mais completos cursos de línguas para autodidatas já publicados no Brasil.
Foram editados e publicados originalmente pela editora Planeta De
Agostini na Itália e Espanha, foram também publicados na França por Éditions Atlas, e a Editora Globo publicou-os no Brasil a partir do final da década
de 80 e ao longo da década de 90.
Vídeos: Comerciais do Brasil e da Espanha dos Cursos de Idiomas, 1999.
Os idiomas disponíveis são Italiano,
Francês, Inglês, Alemão e Espanhol (pela internet também é possível encontrar Russo para falantes de espanhol, como apontou um leitor do blog). Cada curso compreende 72 lições
distribuídas em mais de 1100 páginas, geralmente em 4 volumes ou 18 fascículos
e 18 fitas cassete. Há ainda um curso mais avançado, o Top Level, que
compreende 24 lições distribuídas em quase 600 páginas, 9 livretos e 9 fitas
cassete.
Os cursos de Italiano, Francês,
Espanhol e Alemão são traduções uns dos outros, ou seja, os livros apresentam
os mesmos diálogos e ilustrações correspondentes. Porém os diálogos não são
meramente traduzidos ao pé da letra, são na verdade adaptados para cada língua
quando há a necessidade de se fazer referência ao universo cultural onde a
língua é falada, como alimentação, nomes de lugares, nomes de personalidades do
mundo das artes, etc. As adaptações também levam em consideração expressões
idiomáticas e peculiaridades de cada língua. Basicamente a estrutura dos cursos
é a mesma, mas onde há um texto sobre a Itália no curso de Italiano, por
exemplo, o curso de Alemão apresentará um texto sobre a Alemanha; onde no curso
de Espanhol fala-se de Julio Iglesias, no de Francês fala-se de Charles
Aznavour... Já para a língua inglesa, o curso apresenta diálogos e textos
totalmente diferentes dos outros idiomas, há até um outro curso de inglês
completamente distinto (referido como Inglês – Família Lovat), e um terceiro
curso específico de inglês para negócios (Business English). Esta análise não
se aplica a esses dois últimos, pois possuem uma estrutura bem diferente.
METODOLOGIA E UM POUCO DE HISTÓRIA
Os Cursos de Idiomas Globo utilizam
como base o método audiovisual que, como o nome sugere, associa sons a imagens.
Ou seja, cada frase gravada é associada com uma imagem que ilustra seu sentido.
Você deverá ver, ouvir, ler, repetir e finalmente assumir o papel dos
personagens e responder.
O método audiovisual foi
inicialmente desenvolvido pela CREDIF (Centre de Recherche et d’Etude pour la
Diffusion du Français) na França na década de 1950. É um sucessor do método
audiolingual, desenvolvido nos EUA durante a Segunda Guerra Mundial.
A necessidade de ensinar línguas aos militares, a criação da ONU, as conferências mundiais, o comércio internacional
e a revolução técnica e cultural do pós-guerra foram alguns dos elementos que
tornaram evidente a necessidade de um método que revolucionasse a aprendizagem
de línguas. Foi nesse contexto que nasceu o método audiolingual, baseado em
pesquisas na Linguística Estrutural e na Psicologia Behaviorista, que defende
que a aquisição de uma língua é um processo mecânico de formação de hábito. O
principal foco é a produção oral, repetição exaustiva, memorização, busca da
pronúncia perfeita, sem uso de traduções.
Seguindo princípios similares, a
CREDIF desenvolveu o método audiovisual, cuja grande diferença do seu
antecessor é a utilização de imagens, que possuem tanta importância quanto as
gravações. Diferentemente do Método Clássico da Gramática e Tradução, cujo foco
é a FORMA (ou seja, o ensino de palavras e frases isoladas, complexidades
gramaticais, leitura e tradução de frases abstratas), o foco do método
audiovisual é o CONTEÚDO, ou seja, ensino da linguagem do dia a dia. Assim, já
na primeira lição, o aluno entra em contato com estruturas que serão úteis para
interagir imediatamente em situações cotidianas.
Para saber mais sobre o método audiovisual:
AUDIO-VISUAL TEACHING A NEW APPROACH OR A COMPLEMENTARY METHOD?
M. D. CHRISTENSEN
Theoria: A Journal of Social and Political Theory
No. 35 (October 1970), pp. 63-72
https://www.jstor.org/stable/41801863?seq=1#page_scan_tab_contents
Obviamente, as pesquisas na área da linguística avançaram, e hoje esses métodos são considerados obsoletos. A principal crítica é que a aquisição da língua é vista meramente como um processo mecânico, repetição e memorização de estruturas, e os alunos são vistos como papagaios que possuem pouca ou nenhuma autonomia no processo de aprendizagem. No entanto, tais métodos possuem seus méritos e são utilizados ainda hoje até nos cursos mais modernos em combinação com outras abordagens.
ESTRUTURA DAS LIÇÕES
As lições dos Cursos de Idiomas
Globo (ou unidades, conforme nomenclatura do material) são divididas nas
seguintes seções:
A) Conversação
Essa é a seção principal de cada
unidade e onde o método audiovisual é colocado em ação. Você deverá observar as
imagens, ouvir cada diálogo duas ou três vezes e receberá orientação sobre
quando deve apenas ouvir, repetir ou responder.
B) Vocabulário
Trata-se de uma lista de vocabulário
bilíngue, em ordem alfabética, onde constam as novas palavras da lição.
Geralmente traz um quadro explicativo esclarecendo peculiaridades do uso das
palavras ou algumas questões gramaticais relacionadas aos vocábulos.
Esta seção apresenta apenas um
diálogo com algumas fotos de cenas reais no país onde a língua é falada. Você
ouvirá o diálogo duas vezes: na primeira vez deve apenas ouvir e ler; na
segunda, repetir.
C) Leitura (unidades pares)
Consta de um texto seguido por
perguntas de compreensão. O livro orienta a ler primeiro silenciosamente e
depois em voz alta. A orientação é responder as perguntas por escrito,
conferindo as respostas ao final da unidade.
D) Cenas do cotidiano
Esta seção também consiste em
diálogos gravados duas vezes: deve-se primeiro ouvir e então repetir. A
finalidade é fazer com que o aluno se familiarize com a linguagem utilizada em
situações do cotidiano.
E) Exercícios
Cada unidade traz geralmente três exercícios
bastante simples. Os dois primeiros são listas de frases que devem ser
transformadas, preenchidas ou respondidas conforme o foco gramatical. O
exercício 3 geralmente traz figuras associadas a frases que devem ser
preenchidas ou então reordenadas para formar uma história.
A gramática consiste em explicações
bem detalhadas, diversos exemplos de uso e quadros explicativos.
Exames - Alguns cursos trazem ainda um exame
ao final de cada etapa (a cada 18 unidades, o que corresponderia ao final de um
volume na edição de 4 volumes). O exame possibilita ver os pontos fortes e
fracos da aprendizagem, e, conforme o resultado, recomenda um plano de revisão
dos estudos.
TOP LEVEL
O diferencial do curso TOP LEVEL é a
seção de conversação que passa a apresentar diálogos autênticos extraídos de
trechos de filmes e seriados. Até então, o curso só trazia diálogos artificiais
gravados em estúdio com um vocabulário controlado. Na seção de leitura, o TOP
LEVEL traz textos autênticos da literatura da língua estudada.
Textos simplificados e
diálogos artificiais podem trazer benefício para estudantes de níveis básico e
intermediário (embora algumas abordagens já familiarizem o aluno com materiais
autênticos desde o início). O estudo por meio de amostras de linguagem
autêntica (extraídas de textos reais, entrevistas, filmes, etc.) é essencial para se alcançar um alto
nível de proficiência. E é justamente esse o foco do Top Level.
- Linguagem e situações relevantes - O curso traz conhecimentos úteis para você vivenciar a língua no dia a dia, em contextos familiares, entre amigos, como turista, estudante, profissional… A título de comparação, materiais da Cambridge são construídos com base em um “Corpus” (pesquisa que analisa milhões de textos para ensinar o que é mais relevante para os estudantes). Não tenho conhecimento se os Cursos de Idiomas Globo se baseiam em algum tipo de Corpus, mas os autores procuraram seguir esse princípio. Isso não é verdade para todos os cursos. O Assimil, por exemplo, dá prioridade a textos engraçados, piadas… o que pode ser motivador, mas nem sempre será relevante ou útil para um iniciante.
- Referências culturais – As referências culturais estão por toda parte. Eu fiz o
curso de Italiano e o de Francês, depois visitei a Itália e a França – me
surpreendi por já estar familiarizado com vários nomes de lugares, regiões,
cidades, praças, edificações, pontos turísticos, pratos típicos, etc. Os
diálogos fazem referências frequentes a esses elementos. Quase todas as páginas
trazem fotos que ilustram a cultura e mostram lugares do país.
- Linguagem coloquial e expressões idiomáticas – Diferentemente do Rosetta Stone, cujos cursos são meras traduções uns dos outros, e por isso não aborda as peculiaridades de cada língua e nunca traz expressões idiomáticas, com os Idiomas Globo você terá contato com elementos da língua como é realmente falada em situações do dia a dia.
- Gramática detalhada - o curso é ideal para aqueles que
querem se aprofundar na gramática. O ponto positivo é que a seção gramatical
está no final de cada lição. Essa característica condiz com a prática das
metodologias modernas, que defendem que a gramática deve ser abordada apenas
depois da prática das estruturas e do uso efetivo da língua, ou seja, a
gramática vista como uma ferramenta e não como foco principal da aprendizagem.
- Audiovisual – as imagens associadas a cada frase
facilitam a compreensão e ajudam a fixar o conteúdo estudado.
- Fácil de seguir, se comparado a
métodos tradicionais. O apoio do áudio e das imagens é bastante amplo,
constituindo a maior parte do material, o que torna o curso menos enfadonho e
encoraja o aluno a prosseguir.
- Curso completo –
O curso é bastante completo e consistente, permitindo ao estudante uma
aprendizagem aprofundada da língua. Como já destaquei, é um dos mais completos
do gênero já publicados no Brasil.
PONTOS FRACOS
- Difícil
responder as perguntas dos
diálogos na parte da conversação. Você ouvirá cada diálogo apenas duas vezes
(ou somente uma vez!), e depois deve se lembrar de tudo para poder responder.
Na maioria das vezes isso é bastante difícil. Se for seguir o método conforme o
previsto, esse passo perde o sentido – a solução é voltar a gravação, dar
pausa, tentar memorizar e repetir mais vezes até fixar melhor.
- Pouca
prática de vocabulário - Só
há exercícios de gramática mas não de vocabulário. Algumas palavras e
expressões novas são usadas apenas uma vez, por isso é difícil de fixar. O que
existe é uma lista de vocabulário bilíngue em cada lição – a solução para
tentar fixar é utilizando o método tradicional: decoreba.
- Nenhuma
atenção à Fonética – Em
nenhum momento o material traz explicações sobre como pronunciar sons
específicos da língua.
- Fotos
sem legenda. Um ponto forte é
que o curso apresenta diversas fotos de lugares do país onde a língua é falada.
O ponto fraco é que nenhuma dessas fotos possui legenda ou explicação. Então
você vê, por exemplo, uma bela edificação, monumento, vista panorâmica de
alguma cidade, mas pode não ter a mínima ideia do que se trata, em que cidade
aquilo está situado, etc. Ao estudar italiano, uma foto de várias pessoas
entrando num prédio pode ter pouco significado ou relevância para mim já que a
única informação que eu tenho é que a cena se passa na Itália. Depois de
visitar algumas cidades italianas e já de volta ao Brasil, resolvi reabrir o livro, só então eu fui
reconhecer algumas das fotos.
- Explicações
gramaticais rebuscadas –
Algumas vezes as explicações gramaticais são confusas, trazendo uma
terminologia que pode não ser familiar ao público geral. Aqueles que preferem
explicações claras e simples nem sempre vão simpatizar com esta seção.
- Obsoleto - Embora seja fácil de seguir se
comparado com métodos tradicionais, é mais denso e difícil se consideramos
materiais mais modernos, que por vezes possuem vídeos e atividades interativas.
QUAL NÍVEL VOU ALCANÇAR?
É possível alcançar o
nível avançado com o curso. Eu terminei os 4 volumes de Italiano (não fiz o Top
Level) alcançando o nível C1 (já havia feito o Rosetta Stone antes).
EM QUANTO TEMPO POSSO FAZER O CURSO?
O tempo é bastante relativo e pode
variar muito pois vai depender de cada estudante (tempo para analisar os
diálogos, memorizar o vocabulário, analisar e reler os textos, resolver os
exercícios, estudar a gramática, revisão, etc...). Se for fazer tudo de forma detalhada, pode-se
levar em torno de 2 horas por lição. Considerando os 4 volumes, é
material suficiente para umas 150-200 horas de curso. Claro que se a pessoa já tem conhecimento, se fez antes o Rosetta Stone, por exemplo, pode acelerar bastante no início.
VALE A PENA?
Sim, claro. Mas por ser um material “antigo”, eu recomendaria principalmente para entusiastas, pessoas que gostam de aprender línguas. Se você não tem muita inclinação pela aprendizagem de idiomas e precisa aprender por obrigação, eu recomendaria algum curso mais moderno. O Pimsleur, o Rosetta Stone e o famoso Duolingo são opções convenientes para o público geral para um primeiro contato com a língua (ou seja, não servem para um estudo aprofundado, mas são bons para quebrar o gelo se você não tem pressa). Os vídeo-cursos (por exemplo, English Way e Español Sì! da Editora Abril) são opções mais amigáveis e menos cansativas comparando aos Cursos de Idiomas Globo.
Mas certamente todos que tiverem paciência e dedicação poderão fazer grande proveito do curso.
E PARA O ENSINO, POSSO RECOMENDAR?
Este material já tem uns 30 anos e é baseado em princípios dos métodos audiolingual e audiovisual, hoje considerados obsoletos. Como mencionei anteriormente, as metodologias para o ensino de línguas evoluíram bastante desde então. Contudo, não seria nenhum pecado utilizar os Cursos de Idiomas Globo como um simples material de apoio, já que as próprias metodologias modernas mesclam diversos recursos. Mas talvez todos os profissionais do ensino de línguas que conhecem ao menos um pouco de Linguística irão torcer o nariz se você disser que utiliza esses cursos como material principal.
CONTE SUA EXPERIÊNCIA!
Ficaram com vontade de estudar? Bem,
eu gostaria de saber sobre suas experiências ou expectativas caso pretendam
seguir o curso. Ou então contem por que não usariam este material. Sei que faz parte da história da aprendizagem de muita gente na
década de 90, e muitos veem com nostalgia.
Se vocês têm histórias pra contar,
opiniões, dúvidas, dar ou pedir recomendações... deixem nos comentários.
Obrigado!